sábado, 25 de janeiro de 2014

O Homem de preto - Capítulo XI

CAPÍTULO XI – Queda

O Homem de preto arrumava uma mochila rapidamente, colocando algumas peças de roupa e o pouco dinheiro que ainda tinha. Tinha esperado anoitecer para entrar no apartamento e juntar suas coisas, a policia tinha estado no local e lacrado o apartamento e ele não queria chamar atenção para si na cidade. E aproveitando que estava em casa decidiu tomar um banho e trocar de roupa.
Ele tentou sorrir ao pensar que logo resgataria sua filha, mas, a lembrança dela ter sido sequestrada por um ser de origem sobrenatural o irritou. Tinha se afastado da mulher que amava e da filha recém-nascida, para que elas não se envolvessem com seus problemas. Tinha se negado o direito de ser chamado de pai. Tinha se negado o direito de ser feliz.
E agora tudo ruía. Uma anjo tinha sequestrado sua filha e ele nem imaginava o porque. Ele respirou fundo e caminhou até uma parede do quarto socando-a, a mão entrou por completo e quando ele a tirou de dentro do buraco trazia nela uma corrente dourada com um selo de Salomão pendurado.


***

O embarque para Irlanda foi tranquilo. Tinha conseguido um lugar na classe econômica, em um voo das 22h.
O Homem de preto tentava se manter acordado, mas o tempo de viagem era longo e ele tinha gasto muita energia no combate contra o demônio invocado por Cailena. Acabou caindo no sono.

***

O lugar era estranho para ele, mas mesmo assim, já sabia onde estava. A sensação que sentia quando convocado, era inconfundível.
Estava em uma pequena clareira, rodeada de árvores altas, distorcidas e sem folhas. O lugar era banhado pela luz de uma lua cheia vermelha como sangue que pairava em um céu sem nuvens.
No centro da clareira, estava um ser semelhante a um homem nu, com longos cabelos e olhos que pareciam uma ônix. O corpo e cabelo dele estavam completamente cobertos de sangue. Seus dedos terminavam em garras e ele sorria revelando dentes pontiagudos.
Os dois se olharam longamente. O ser coberto de sangue caminhou até o Homem de preto e colocou a mão sobre seu ombro.
- Eu sei como se sente. – o Homem de preto olhou incrédulo para ele – Eu também perdi tudo, você lembra?
- Lembro.
- Eu desconfio que sua filha tenha herdado um pouco de seu poder. – o Homem de preto franziu o cenho.
- Como seria possível? Meu poder... – Ele não terminou a frase por que a resposta era obvia demais para ele. – Se ela tem algum poder, deve ter sido por isso que foi sequestrada. Agora um anjo?
- Anjos são traiçoeiros meu amigo. Fazem de tudo para manter o controle. – o ser riu – A questão é o que ele pretende fazer.
- Tem razão. Mas, não importa o que seja. Ele vai se foder, mexeu com a menina errada!
            O ser coberto de sangue riu alto.
- Ops!
- O que foi?! – Perguntou o Homem de preto.
- Hora de voltar, seu avião está caindo.

***

            Quando abriu os olhos, o motor da asa direita explodiu e algo partiu o avião ao meio. As pessoas gritavam, choravam e outras rezavam para o Deus no qual acreditavam.

            Os gritos, choros e preces pararam. Uma explosão consumiu toda a aeronave e o mundo do Homem de preto foi consumido por chamas e ele foi levado para as trevas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Homem de preto - Capítulo X


CAPÍTULO X – Irlanda, Cinismo, Adeus.


- Anjo?! Você tá tirando onda com minha cara!- riu o Homem de preto – Porque um anjo sequestraria minha filha?
- Não sei. – Cailena sentou-se na cama – Mas o que sei é que ele é poderoso.
            Das sombras surgiram duas criaturas homem-corvo, Tobias e o Homem de Preto se colocaram em posição de guarda esperando um ataque dos seres.
- Calma, eles não estão contra vocês, agora. – Cailena ajeitou-se na cama cansada – Só estão preocupados comigo.
- Onde é que eles estavam que não vimos? – indagou o velho índio preocupado.
- Nas sombras, me guardando. – ela riu sem forças – Venham meus filhos.
            As criaturas se aproximaram da bruxa que lhes afagou a cabeça e logo vários deles foram saindo das sombras e a rodeando. Os dois homens se afastaram e ficaram a observar a cena estranha. Os seres emitiam um grunhido baixinho similar a um ronronar. Aquela visão era bizarra e ao mesmo tempo bela.
- Calma, não se preocupem meus filhos. Eu estou bem, só estou um pouco cansada. – ela sorriu – Agora vão.
            E lentamente os homens-corvo foram adentrando e sumindo nas sombras da casa. Ela olhou para os outros dois na sala e riu serenamente, rugas de expressão se formaram envolta de seus olhos.
- E onde fica esse lugar que você viu? – perguntou o Homem de preto.
- Na Irlanda.
- Nunca fui lá. – disse o Homem de preto como se não desse muita importância à informação – Dizem que é um lugar bonito.
Tobias olhou o amigo desconfiado. Aquele cinismo dele era perigoso.
- Muito bonito mesmo, já estive lá algumas vezes. – Cailena levantou-se devagar e caminhou até uma mesa com vários livros. Pegou um pedaço de papel e com uma caneta tinteiro antiga rabiscou algo. – Aqui, pegue.
- O que é isso? – Perguntou o Homem de preto desconfiado.
- Como chegar onde sua filha está.
            Ele pegou o pedaço de papel de forma rápida e brusca da mão de Cailena. O olhou por um tempo e guardou no bolso da calça esfarrapada. Fitou a bruxa e riu de forma enigmática.
- Obrigado! – disse O Homem de preto e caminhou até a porta.
            Tobias foi caminhando na direção dele.
- Você fica velho! – disse sem virar-se – Não quero nenhum aleijado me atrapalhando.
            O Homem de preto olhou para o amigo, tinha um sorriso cínico e maldoso, seu olhar era puro escárnio. Tobias e Cailena estremeceram.
- Que porra é essa agora?! – Gritou o velho índio.
            A resposta veio de forma inesperada para ele. O Homem de preto estava de mão erguida na direção dele, e segurava a pistola preta.
- Se tentar vir atrás de mim estouro seus miolos aqui mesmo. – lambeu os lábios de forma maliciosa e riu. – Já disse que não quero nenhum aleijado me atrapalhando.
            Tobias cerrou o punho com força, seu olhar fuzilava o amigo a sua frente que continuava a apontar uma arma em sua direção. O velho baixou a cabeça e caminhou até a mesa e sentou-se. Cailena olhava atônita para aquilo, não entendia o que se passava.
            O Homem de preto abaixou a mão e dissolveu a pistola no ar, virou-se e saiu da casa da bruxa sem falar mais nada.


***

            Cailena olhava para Tobias incrédula. Aqueles dois quando chegaram a sua casa pareciam serem grandes amigos, mas, agora ela não sabia o que tinha acontecido. Ela caminhou até o velho e tocou-lhe o ombro. Ele ergueu a cabeça e riu de forma descontraída.
- Ele é um filho da puta!
            Ela desistiu de tentar entender o que estava acontecendo. Tinha coisas mais importantes para fazer, descobrir quem tinha tramado para ela e o Homem de preto.

***

            Enquanto caminhava O Homem de preto jogava as chaves do C10 de Tobias para cima. Tinha pegado-as quando sentou ao seu lado na floresta depois de matar o demônio. Seus pensamentos se resumiam a formas de causar dor e sofrimento a um anjo e ele riu ao perceber que sabia várias formas de fazer isto.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Homem de preto - Capítulo IX


CAPÍTULO IX – Promessa, Medo, Localização.

- Filha? – Cailena estava surpresa.
- Sim! Qual o problema nisso? – O Homem de preto tentou rir sarcasticamente mas, não conseguiu.
            Os dois ficaram calados. O sangue dele gotejando na palma da mão dela. O vento assoviava por entre as árvores, folhas dançavam no ar, sendo carregadas pela brisa. O som da cachoeira preenchia o ambiente.
            Cailena o olhou nos olhos. O sangue ainda escorria do ferimento dele. Tocou o rosto dele com a mão limpa e distanciou-se, caminhando até o lago, agachou-se e mergulhou a mão coberta do sangue do Homem de preto nas águas claras do mesmo.
            Seus olhos reviraram, seu corpo convulsionou. As nuvens sobre a floresta escureceram, trovões ecoaram, aves voaram de seus ninhos, enquanto Cailena realizava seu feitiço.
O Homem de preto observava calado. Sua filha uma das únicas duas coisas que importavam para ele, tinha sido seqüestrada. Sua ex-namorada ligara duas semanas atrás chorando e desesperada dizendo o que tinha acontecido. E ele sabia que de uma forma ou de outra a culpa era sua. Não tinha sido um seqüestro normal, tinha sido gente da laia com quem trata normalmente, caso contrário já teria encontrado os infelizes. Sua esperança residia em Cailena.
Cailena parou respirou e fitou as águas do lago. Lá estava refletido nele a imagem de uma criança, de não mais que sete anos, cabelos cacheados e pretos. Ela estava sentada no chão de um quarto de paredes brancas brincando com bonecas.
Cailena mexeu as mãos e as águas do lago ondularam e quando se acalmaram mostravam o lugar onde estava o quarto, era uma mansão que ficava em cima de um penhasco com um mar revolto em baixo. Homens vestindo ternos brancos faziam a segurança do lugar. Ela mexeu as mãos e imagens de dentro da mansão foram surgindo na superfície.
A imagem de um homem alto de terno branco, cabelos loiros e cacheados que iam até o ombro, olhos verdes, apareceu diante dela. Ele sorriu e Cailena gritou de dor, contorcendo-se.
O Homem de preto a segurou nos braços e a deitou no chão. Ela estava ofegante, sangue escorria de seu nariz e estava muito pálida.
- Tobias! – Gritou o Homem de preto chamando o amigo – Tobias!
            Tobias se assustou com o grito do amigo e meio desajeitado correu para ver o acontecia fora da casa. Quando se aproximou dos dois ficou surpreso com a cena.
- O que foi você fez cacete?! – Perguntou o índio.
- Eu não fiz nada. Ela tava olhando o lago quando de repente gritou e desmaiou.
- Ela estava usando algum feitiço?
- Acho que sim.
            Tobias colocou a mão sobre a testa da mulher desacordada e recitou alguns feitiços. Logo a respiração dela foi se normalizando e a palidez sumindo.
- O que houve? – Perguntou o Homem de preto.
- Ela sofreu um ataque psíquico.
            O Homem de preto pegou Cailena nos braços e a levou para dentro da casa. Ele a colocou na cama com cuidado, e junto com Tobias ficou observando a bruxa.
            Aos poucos Cailena foi recobrando a consciência. Sua cabeça doía, seu corpo estava fraco e a garganta seca.
- Água...
            Tobias pegou um copo em cima da mesa e encheu com água de uma jarra, e deu a ela. A bruxa bebeu tudo de um só gole.
            Os dois homens olhavam para ela como se esperassem alguma explicação. Ela os olhou e riu alto, deixando os dois sem entenderem nada.
- Que porra é essa?! – Gritou o Homem de preto segurando a bruxa pelo braço.
- Sua filha foi sequestrada por um anjo.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Homem de preto - Capítulo VIII


CAPITULO VIII – Filha


            De longe Tobias e o Homem de preto viam a casa de Cailena e a mesma os esperava na porta. Seu rosto era jovem e belo, porém estava abatido. Ela tinha visto todo o combate através do lago e se conformava com o que quer que viesse aseguir.
            Os dois homens pararam a alguns metros dela. Cruzaram olhares e por segundos ficaram ali, os três calados.
- E agora? – perguntou Cailena
- Por mim, você estaria morta agora. – disse o Homem de preto.
- Mas você precisa de mim, não é? – ela torceu para estar certa.
            O Homem de preto riu e percebeu como ela era atraente. Cailena percebeu o olhar dele e riu também.
- É, eu preciso de você.
            Tobias passou pelo os dois e foi entrando na casa sem falar nada, o outro homem olhou intrigado para o amigo.
- Ei! O que pensa que está fazendo? – gritou Cailena.
- Nada. Só quero me sentar um pouco.
            Ela respirou fundo e indicou a porta com a mão. Os três entraram e sentaram-se em volta de uma mesa simples de madeira rústica. O lugar era típico da idade média, ervas penduradas no teto, potes com coisas estranhas nas prateleiras antigas.
- Seria mais fácil vir aqui e pagar não acha? – Cailena riu.
- Você que começou! – se defendeu o Homem de preto – Mandando aquelas coisas estranhas atrás de mim.
- Só mandei minhas crias porque me disseram que você vinha aqui me matar.
            Os dois se olharam tensos. E Tobias riu alto e enquanto ria tossia.
- Alguém conseguiu enganar a bruxa e o matador. – lágrimas escorriam de pelo seu rosto. – Como vocês são idiotas! Se matando a toa!
            Cailena e o Homem de preto se entre olharam. Os olhos dela faiscaram de ódio, ela odiava ser trapaceada e fazia muito tempo que alguém coseguira fazer tal façanha. E quanto ao Homem de preto? Ele simplesmente riu alto.
- Mais um pra eu matar depois! – o seu sorriso era sádico.
- Me desculpe! – disse Caielena – Me deixei levar por sua fama de assassino e confiei cegamente na informação.
            O pedido de desculpas pegou os dois homens ali sentados de surpresa.
- Pensei que você fosse vil, cruel e insensível!
- Bondade e maldade são apenas pontos de vista. E além do mais, educação não mata ninguém.
- Fomos enganados por quem e por quê? – indagou o Homem de preto – Isso é que está me incomodando agora.
- Sim, é verdade. – Cailena pensou por alguns instantes – Vamos fazer um acordo. Você descobre quem nos enganou e eu te ajudo agora, o que me diz?
- Você ia me ajudar de qualquer jeito mesmo!
- Quem disse? Eu podia muito bem te mandar para uma armadilha e você nem saberia.
            Tobias olhou para amigo rindo.
- Ela te pegou hein?
            O Homem de preto pensou sobre a proposta e em como tinha ido despreparado. Respirou fundo, podia estourar os miolos dela ali mesmo. Mas, onde encontraria uma vidente tão boa quanto aquela, ela que tinha fama de poder ver mesmo através dos planos de existência.
- Tá certo, eu topo.
            Cailena se levantou, caminhou até uma estante próxima a uma lareira e pegou um punhal de lâmina reta e cabo preto.
- Venham! – ordenou ela.
- Me desculpem, mas vou ficar por aqui mesmo. Sabe como é né? Sangue faltando no corpo. – Disse Tobias rindo, enquanto esticava os pés sobre uma cadeira.
- Cuidado. – Disse o Homem de preto.
- Cuidado você! – apontou para a bruxa ao lado do amigo.
            Ele e Cailena saíram e caminharam até a cachoeira. Ela abaixou-se e tocou as águas do lago.
- O que estamos fazendo aqui fora?
- Por sua causa meu caldeirão explodiu. E ainda não tive tempo de mandar fazer outro.
- Compra outro em uma loja. Tão simples! – ele riu cinicamente.
            Ela o fulminou com o olhar.
- O que buscas? Preciso de algum pertence da pessoa ou um pedaço do objeto.
            O Homem de preto pegou o punhal das mãos de Cailena e cortou a palma da própria mão. O que a deixou sem entender nada.
            Ele pegou a mão dela e gotejou o sangue nela.
- Pronto!
- O que isso significa?
- Eu quero que você ache minha filha. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quando a noite cai


Às vezes
Quando a noite cai
Ouço ela me chamar
Com sua voz suave, doce...
Ela diz venha
E um desejo louco
De me perder em seus domínios
Se apossa de mim
Um desejo
De me perder
Nos domínios das trevas

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Êxtase


Prazer...
Medo...
Sorrisos sinceros...
Olhares incertos...
Desejo...
Incerteza...
Tua presença...
Meu toque...
Sussurros ao pé do ouvido...
Você...
Eu...
Êxtase!

domingo, 8 de janeiro de 2012

O Homem de preto - Capítulo VII


CAPITULO VII – Sangue, dor e dois canos fumegantes

            A floresta descortinava-se diante deles, imponente, antiga e misteriosa. Desafiava-os a entrar nela, a ousar cruzar por entre suas árvores. Os troncos velhos e altos eram cobertos por uma densa folhagem que mal deixava os raios de sol passar. O chão era forrado por folhas murchas e úmidas, conferindo um odor peculiar ao lugar.
            Os dois homens desceram da C10 e olharam-se. O Homem de preto riu cinicamente e fechou a porta do veículo. Tobias fechou a sua porta e com o chaveiro em mãos apertou o botão de alarme ligando-o. O homem de preto ergueu a sobrancelha, curioso.
- Essa coisa tem alarme?!
- Essa coisa não! Seu porra! – Tobias gritou com raiva – Já falei que ela é um clássico. E é lógico que tem alarme! Você acha que eu vou dar bobeira e deixar minha belezinha ser roubada?!
- Mas você poderia encontrar o ladrão fácil, fácil. – eles conversavam enquanto andavam.
- É, mas pra que facilitar não é?
            O Homem de preto balançou a cabeça rindo de forma descontraída.
Já estavam andando há alguns minutos quando ouviram um rugido vindo da frente e um trotar vindo em direção deles. O som de troncos partindo-se era audível.
- Que merda é essa que tá vindo ai? – perguntou Tobias engatilhando a espingarda.
- Algo grande, forte e mal! – riu o homem de preto – E que tá doidinho pra nos fazer em pedaços.
            Jogando as árvores para longe uma criatura bizarra surge diante deles rugindo, ele tinha o tamanho de um elefante, negro como o ébano, chifres bromavam da testa, a parte inferior era de uma pantera com rabo de escorpião e a de cima de um homem musculoso. Seu nome? Asriandir.
            Ele olhou para os pequenos humanos a sua frente e riu.
- A bruxa me invocou para cuidar disso?! – sua voz gutural ecoou pela floresta.
- Quem é você demônio? – gritou Tobias.
- Como ousa se dirigir a mim verme! – seus olhos brilhavam como brasa acessa – Eu sou Asriandir, filho de Li...
            Dois tiros atingiram o rosto do demônio impedindo-o de terminar a frase. O homem de preto estava com suas duas pistolas na mão. Asriandir gritou de dor e olhou surpreso e furioso para o seu agressor.
- Tu fala demais bicho feio! – disse o Homem de preto rindo.
- Vou te fazer em pedaços lixo humano! – rugiu o demônio atacando o homem de preto.
            Tobias e ele esquivaram-se das garras que rasgaram as pedras do chão como se fossem nada.
            O Homem de preto atirou rapidamente contra o inimigo, que apesar do tamanho, esquivou-se das balas. O que deixou ele surpreso com aquela velocidade. E em sua distração foi atingido pelas garras do monstro. Sangue jorrou fartamente encharcando o chão da floresta e o corpo dele cai inerte chocando-se contra uma árvore.
            Tobias gritou pelo amigo enquanto disparava sua espingarda, que em vez de balas cuspia fogo. Asriandir foi atingido por um tiro e gritou. Ele girou o corpo com velocidade e atingiu Tobias com sua cauda de escorpião no braço.
            O braço de Tobias começou a necrosar rapidamente, fazendo-o largar a arma e encostar-se a uma árvore.
            O demônio caminhava devagar em direção ao velho índio. Ele ria maliciosamente.
- Vou brincar com você velho!
- Vá se foder! – gritou Tobias.
            Asriandir só sentiu o impacto das balas perfurando sua carne. Nem um som foi ouvido. Ele cambaleou e olhou para trás, seus olhos arderam em chamas. O homem de preto estava em pé com duas pistolas negras e com runas vermelhas brilhantes em mãos.
- Você é rápido? – ele riu cinicamente – Eu também sou.
- Como você ainda está de pé?!
            O Homem de preto atirou contra o peito do demônio, atingindo-o em cheio. Asriandir avançou contra ele rugindo de ódio e dor, golpeou com as garras e com a cauda. O Homem de preto esquivou-se dando um salto mortal para trás e no meio do salto quando estava de cabeça para baixo atirou em um dos olhos do monstro. Sangue brilhante jorrou e ao tocar o chão borbulhou.
            Tobias arrastou-se devagar para longe do combate, seu braço doía e a necrose espalhava-se rapidamente. Segurava a espingarda com o outro braço. Encostou-se em uma pedra, respirou profundamente, encostou o cano da arma no braço ferido e disparou arrancando-o antes que o veneno se espalha-se mais e ele morresse.
            Tobias gritou alucinadamente enquanto seu sangue escorria pelo seu corpo.
O Homem de preto atirava sem parar enquanto se esquivava dos ataques do demônio. A criatura infernal olhou para aquele humano a sua frente, e pensou em quem era ele, como estava vivo ainda.
- Vou mastigar seus ossos verme! – gritou Asriandir.
            O demônio rugiu e ondas de calor começaram a emanar dele.
            As folhas no chão incendiaram-se, os troncos das árvores estavam em brasa. Os olhos demoníacos brilharam e uma explosão consumiu a área onde ele e o Homem de preto estavam. Tobias olhava atônito e quase desmaiado, seu amigo ser consumido pelas chamas.
            Em meio à destruição, Asriandir ria. Só haviam restado cinzas e brasas. Ele virou-se e encarou um Tobias debilitado.
            Um barulho em meio à destruição na floresta chamou a atenção do demônio. Quando ele olhou para onde vinha o som. Ele ficou surpreso.
            O Homem de preto estava em pé entre as chamas, suas roupas estavam queimadas e ele estava coberto de cinzas. Seu olhar era puro ódio e estava desarmado.
- Vou divertir m... – o demônio não conseguiu terminar a frase.
            O Homem de preto estava em cima dele socando seu estômago. Socou repetidas vezes o tórax enorme. Cada soco era para o demônio como o impacto de uma bomba. Com o ultimo golpe Asriandir foi jogado para longe.
            Ele ficou furioso, como um lixo humano como aquele o estava vencendo. Ele filho de Lilith, Senhor da carnificina, da desolação. Como?!
            O Homem de preto avançou em sua direção, o demônio golpeou com a cauda. O humano segurou-lhe a mesma e em um rápido movimento a arrancou, causando uma dor extrema no inimigo.
            Asriandir atacou loucamente o homem de preto, mas todos seus golpes o erravam e num piscar de olhos seu braço esquerdo foi arrancado.
            E em um piscar de olhos o demônio invocado pela bruxa para matar o Homem de preto agonizava no chão.
            O Homem de preto aproximou-se dele olhou-o nos olhos e invocou sua pistola.
- Quem...é...você?! – a voz do demônio fraquejava – Como...pode...eu sou filho de Lilith! – sangue escorreu dele que estava sem os dois braços, cauda e uma perna – O que é você?
- Pior que você.
            Disse secamente o Homem de preto e estourou a cabeça do demônio.
            Ele olhou para Tobias que estava realizando um feitiço de cura.
- Você tá legal? – perguntou o Homem de preto.
- É óbvio que não seu animal! – Rugiu Tobias – Eu perdi um braço!
- Eu disse que ia ser perigoso. – disse sentando ao lado do amigo
- É eu sei. - o feitiço estava surtindo efeito e o ferimento estava se fechando – E agora?
- Vamos caçar uma bruxa. – riu o Homem de preto.