CAPITULO
VII – Sangue, dor e dois canos fumegantes
A floresta descortinava-se diante
deles, imponente, antiga e misteriosa. Desafiava-os a entrar nela, a ousar
cruzar por entre suas árvores. Os troncos velhos e altos eram cobertos por uma
densa folhagem que mal deixava os raios de sol passar. O chão era forrado por
folhas murchas e úmidas, conferindo um odor peculiar ao lugar.
Os dois homens desceram da C10 e
olharam-se. O Homem de preto riu cinicamente e fechou a porta do veículo.
Tobias fechou a sua porta e com o chaveiro em mãos apertou o botão de alarme
ligando-o. O homem de preto ergueu a sobrancelha, curioso.
-
Essa coisa tem alarme?!
-
Essa coisa não! Seu porra! – Tobias gritou com raiva – Já falei que ela é um
clássico. E é lógico que tem alarme! Você acha que eu vou dar bobeira e deixar
minha belezinha ser roubada?!
-
Mas você poderia encontrar o ladrão fácil, fácil. – eles conversavam enquanto
andavam.
-
É, mas pra que facilitar não é?
O Homem de preto balançou a cabeça
rindo de forma descontraída.
Já
estavam andando há alguns minutos quando ouviram um rugido vindo da frente e um
trotar vindo em direção deles. O som de troncos partindo-se era audível.
-
Que merda é essa que tá vindo ai? – perguntou Tobias engatilhando a espingarda.
-
Algo grande, forte e mal! – riu o homem de preto – E que tá doidinho pra nos
fazer em pedaços.
Jogando as árvores para longe uma
criatura bizarra surge diante deles rugindo, ele tinha o tamanho de um
elefante, negro como o ébano, chifres bromavam da testa, a parte inferior era
de uma pantera com rabo de escorpião e a de cima de um homem musculoso. Seu
nome? Asriandir.
Ele olhou para os pequenos humanos a
sua frente e riu.
-
A bruxa me invocou para cuidar disso?! – sua voz gutural ecoou pela floresta.
-
Quem é você demônio? – gritou Tobias.
-
Como ousa se dirigir a mim verme! – seus olhos brilhavam como brasa acessa – Eu
sou Asriandir, filho de Li...
Dois tiros atingiram o rosto do
demônio impedindo-o de terminar a frase. O homem de preto estava com suas duas
pistolas na mão. Asriandir gritou de dor e olhou surpreso e furioso para o seu
agressor.
-
Tu fala demais bicho feio! – disse o Homem de preto rindo.
-
Vou te fazer em pedaços lixo humano! – rugiu o demônio atacando o homem de
preto.
Tobias e ele esquivaram-se das
garras que rasgaram as pedras do chão como se fossem nada.
O Homem de preto atirou rapidamente
contra o inimigo, que apesar do tamanho, esquivou-se das balas. O que deixou ele
surpreso com aquela velocidade. E em sua distração foi atingido pelas garras do
monstro. Sangue jorrou fartamente encharcando o chão da floresta e o corpo dele
cai inerte chocando-se contra uma árvore.
Tobias gritou pelo amigo enquanto
disparava sua espingarda, que em vez de balas cuspia fogo. Asriandir foi
atingido por um tiro e gritou. Ele girou o corpo com velocidade e atingiu
Tobias com sua cauda de escorpião no braço.
O braço de Tobias começou a necrosar
rapidamente, fazendo-o largar a arma e encostar-se a uma árvore.
O demônio caminhava devagar em
direção ao velho índio. Ele ria maliciosamente.
-
Vou brincar com você velho!
-
Vá se foder! – gritou Tobias.
Asriandir só sentiu o impacto das
balas perfurando sua carne. Nem um som foi ouvido. Ele cambaleou e olhou para
trás, seus olhos arderam em chamas. O homem de preto estava em pé com duas
pistolas negras e com runas vermelhas brilhantes em mãos.
-
Você é rápido? – ele riu cinicamente – Eu também sou.
-
Como você ainda está de pé?!
O Homem de preto atirou contra o
peito do demônio, atingindo-o em cheio. Asriandir avançou contra ele rugindo de
ódio e dor, golpeou com as garras e com a cauda. O Homem de preto esquivou-se
dando um salto mortal para trás e no meio do salto quando estava de cabeça para
baixo atirou em um dos olhos do monstro. Sangue brilhante jorrou e ao tocar o
chão borbulhou.
Tobias arrastou-se devagar para
longe do combate, seu braço doía e a necrose espalhava-se rapidamente. Segurava
a espingarda com o outro braço. Encostou-se em uma pedra, respirou
profundamente, encostou o cano da arma no braço ferido e disparou arrancando-o
antes que o veneno se espalha-se mais e ele morresse.
Tobias gritou alucinadamente
enquanto seu sangue escorria pelo seu corpo.
O Homem de preto atirava sem parar enquanto se esquivava dos ataques do demônio. A
criatura infernal olhou para aquele humano a sua frente, e pensou em quem era
ele, como estava vivo ainda.
-
Vou mastigar seus ossos verme! – gritou Asriandir.
O demônio rugiu e ondas de calor
começaram a emanar dele.
As folhas no chão incendiaram-se, os
troncos das árvores estavam em brasa. Os olhos demoníacos brilharam e uma
explosão consumiu a área onde ele e o Homem de preto estavam. Tobias olhava atônito
e quase desmaiado, seu amigo ser consumido pelas chamas.
Em meio à destruição, Asriandir ria.
Só haviam restado cinzas e brasas. Ele virou-se e encarou um Tobias debilitado.
Um barulho em meio à destruição na
floresta chamou a atenção do demônio. Quando ele olhou para onde vinha o som. Ele
ficou surpreso.
O Homem de preto estava em pé entre
as chamas, suas roupas estavam queimadas e ele estava coberto de cinzas. Seu olhar
era puro ódio e estava desarmado.
-
Vou divertir m... – o demônio não conseguiu terminar a frase.
O Homem de preto estava em cima dele
socando seu estômago. Socou repetidas vezes o tórax enorme. Cada soco era para
o demônio como o impacto de uma bomba. Com o ultimo golpe Asriandir foi jogado
para longe.
Ele ficou furioso, como um lixo
humano como aquele o estava vencendo. Ele filho de Lilith, Senhor da
carnificina, da desolação. Como?!
O Homem de preto avançou em sua
direção, o demônio golpeou com a cauda. O humano segurou-lhe a mesma e em um rápido
movimento a arrancou, causando uma dor extrema no inimigo.
Asriandir atacou loucamente o homem
de preto, mas todos seus golpes o erravam e num piscar de olhos seu braço
esquerdo foi arrancado.
E em um piscar de olhos o demônio
invocado pela bruxa para matar o Homem de preto agonizava no chão.
O Homem de preto aproximou-se dele
olhou-o nos olhos e invocou sua pistola.
-
Quem...é...você?! – a voz do demônio fraquejava – Como...pode...eu sou filho de
Lilith! – sangue escorreu dele que estava sem os dois braços, cauda e uma perna
– O que é você?
-
Pior que você.
Disse secamente o Homem de preto e
estourou a cabeça do demônio.
Ele olhou para Tobias que estava
realizando um feitiço de cura.
-
Você tá legal? – perguntou o Homem de preto.
-
É óbvio que não seu animal! – Rugiu Tobias – Eu perdi um braço!
-
Eu disse que ia ser perigoso. – disse sentando ao lado do amigo
-
É eu sei. - o feitiço estava surtindo efeito e o ferimento estava se fechando –
E agora?
-
Vamos caçar uma bruxa. – riu o Homem de preto.