CAPÍTULO IX – Promessa, Medo,
Localização.
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Filha? – Cailena estava surpresa.
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Sim! Qual o problema nisso? – O Homem de preto tentou rir sarcasticamente mas,
não conseguiu.
Os dois ficaram calados. O sangue
dele gotejando na palma da mão dela. O vento assoviava por entre as árvores,
folhas dançavam no ar, sendo carregadas pela brisa. O som da cachoeira
preenchia o ambiente.
Cailena o olhou nos olhos. O sangue
ainda escorria do ferimento dele. Tocou o rosto dele com a mão limpa e
distanciou-se, caminhando até o lago, agachou-se e mergulhou a mão coberta do
sangue do Homem de preto nas águas claras do mesmo.
Seus olhos reviraram, seu corpo
convulsionou. As nuvens sobre a floresta escureceram, trovões ecoaram, aves
voaram de seus ninhos, enquanto Cailena realizava seu feitiço.
O
Homem de preto observava calado. Sua filha uma das únicas duas coisas que
importavam para ele, tinha sido seqüestrada. Sua ex-namorada ligara duas
semanas atrás chorando e desesperada dizendo o que tinha acontecido. E ele
sabia que de uma forma ou de outra a culpa era sua. Não tinha sido um seqüestro
normal, tinha sido gente da laia com quem trata normalmente, caso contrário já
teria encontrado os infelizes. Sua esperança residia em Cailena.
Cailena
parou respirou e fitou as águas do lago. Lá estava refletido nele a imagem de
uma criança, de não mais que sete anos, cabelos cacheados e pretos. Ela estava
sentada no chão de um quarto de paredes brancas brincando com bonecas.
Cailena
mexeu as mãos e as águas do lago ondularam e quando se acalmaram mostravam o
lugar onde estava o quarto, era uma mansão que ficava em cima de um penhasco
com um mar revolto em
baixo. Homens vestindo ternos brancos faziam a segurança do
lugar. Ela mexeu as mãos e imagens de dentro da mansão foram surgindo na
superfície.
A
imagem de um homem alto de terno branco, cabelos loiros e cacheados que iam até
o ombro, olhos verdes, apareceu diante dela. Ele sorriu e Cailena gritou de
dor, contorcendo-se.
O
Homem de preto a segurou nos braços e a deitou no chão. Ela estava ofegante,
sangue escorria de seu nariz e estava muito pálida.
-
Tobias! – Gritou o Homem de preto chamando o amigo – Tobias!
Tobias se assustou com o grito do
amigo e meio desajeitado correu para ver o acontecia fora da casa. Quando se
aproximou dos dois ficou surpreso com a cena.
- O
que foi você fez cacete?! – Perguntou o índio.
- Eu
não fiz nada. Ela tava olhando o lago quando de repente gritou e desmaiou.
-
Ela estava usando algum feitiço?
-
Acho que sim.
Tobias colocou a mão sobre a testa
da mulher desacordada e recitou alguns feitiços. Logo a respiração dela foi se
normalizando e a palidez sumindo.
- O
que houve? – Perguntou o Homem de preto.
-
Ela sofreu um ataque psíquico.
O Homem de preto pegou Cailena nos
braços e a levou para dentro da casa. Ele a colocou na cama com cuidado, e junto
com Tobias ficou observando a bruxa.
Aos poucos Cailena foi recobrando a
consciência. Sua cabeça doía, seu corpo estava fraco e a garganta seca.
-
Água...
Tobias pegou um copo em cima da mesa
e encheu com água de uma jarra, e deu a ela. A bruxa bebeu tudo de um só gole.
Os dois homens olhavam para ela como
se esperassem alguma explicação. Ela os olhou e riu alto, deixando os dois sem
entenderem nada.
-
Que porra é essa?! – Gritou o Homem de preto segurando a bruxa pelo braço.
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Sua filha foi sequestrada por um anjo.