quinta-feira, 28 de abril de 2011

O ULTIMO DIA DO ANO

Já é o ultimo dia do ultimo mês do ano
E sinto que o que vivi
Desejei e amei
Tudo pelo que passei e que lutei
Sinto
Que nada valeu a pena
Que foi tudo sem sentido
E vazio
Até os amores ardentes e glamurosos
Foram simples fagulhas que se extinguiram
As conversas na mesa de bar
Foram fúteis e sem noção
Já é o ultimo dia do ano
Amanhã é um novo ano
E sinto
Que não valera a pena

SENHOR DAS TREVAS

Sentado em teu trono de obsidiana
Dentro de tua couraça escarlate
Com a ceifadora de vidas em tua cintura
Tu sorri deixando a mostra teus dentes de navalha
Com teus olhos que espreitam nas trevas da noite
Buscas virgens inocentes
Almejando sua pureza
Na tentativa de tu seres puro
Porque és pútrido e impuro
Tu és filho do caos e do mal
Amante da morte
E inimigo da vida
Tu és o ódio e a carnificina
Tu és a fera da noite sempre faminta
Senhor das trevas
Cujo corpo a morte habita

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Homem de preto - Capitulo II

CAPITULO II – O Covil

O bar ficava em um beco entre dois prédios antigos na parte oeste da cidade, perto do porto. A única identificação era uma placa velha de madeira entalhada na forma de um dragão com o nome “o covil” pintado de verde esmeralda. Lá dentro o lugar era simples, treze mesas de madeira rústica eram distribuídas no centro do salão, um palco pequeno ficava do lado esquerdo da porta de entrada e colado a ele ficava uma jukebox, de frente ao mesmo ficavam os banheiros e de frente para a porta de entrada ficava o balcão de bebidas e por trás deste a porta que dava acesso a cozinha e a sala da gerência. O nome não foi uma escolha do dono, mas sim um apelido dado pelos freqüentadores por causa do seu proprietário, o dragão que atendia pelo simples nome de Drake. Ele gostou da brincadeira e mandou entalhar a placa, o bar é tratado como território neutro por todas as criaturas sobrenaturais da cidade e as que vêm de fora são logo advertidas. Drake odeia violência por isso sua postura para com toda sorte de criaturas que habitam a cidade.
Esta noite o bar estava lotado, havia um show de uma banda de rock. Vampiros, lobisomens, anjos e demônios, dividiam o mesmo ambiente sem se importarem com os outros. Quando a banda tocou a ultima nota de sua música e o lugar ficou mais silencioso a porta do Covil se abriu e o homem de preto entrou no bar, alguns clientes olharam enviesados para ele, mas ninguém fez nada. A banda voltou a tocar e as bebidas correram soltas. O Homem de preto passou pelo meio da multidão em direção ao balcão.
- Vodca Ricardo. - falou o Homem de preto para o barman assim que encostou no balcão.
- Claro – Ricardo era um homem robusto, media 1,90 m, ombros largos, pele queimada do sol, cabelos curtos e grisalhos e uma barba cerrada e bem aparada. Na verdade era um lobisomem. – Quanto tempo hein amigo? – disse ele enchendo um copo com vodca e dando ao Homem de preto.
- Muito tempo meu velho. – ele bebeu a vodca de um só gole. – Mais. Preciso falar com o Drake.
Ricardo franziu a testa, encheu o copo novamente e balançou a cabeça. Drake não recebia visitas com freqüência, os clientes normalmente o viam quando ele andava pelo bar disfarçado como um homem de meia idade vestindo um terno branco impecável checando o lugar. Fora isto, raramente alguém ia à sala da gerência. Em setenta anos que estava ali como barman ele só o viu receber cinco visitas na sala.
O Homem de preto era o cara que os seres sobrenaturais chamavam quando tinham um problema e não conseguiam resolver, um mercenário. Ninguém sabia seu nome ou de onde vinha certo dia ele chegou à cidade oferecendo seus serviços e logo sua eficiência ganhou notoriedade. Mas de uns dias para cá ele estava recusando serviços, por que, ninguém sabia. E este fato preocupava a todos, inclusive Ricardo que estava atento aos boatos que rolavam pelos becos e que diziam que o Homem de preto estava cansando de servir e agora queria dominar tudo.
- Infelizmente não vai dar. – disse Ricardo.
- Por quê? – perguntou o homem de preto bebendo toda a vodca de uma só vez novamente.
- O chefe não está te esperando e só recebe visitas de quem ele já aguardava.
- Mas ele está me aguardando. – Ele riu cinicamente.
            Ricardo ficou espantado com a resposta dele e ainda mais depois que seu celular tocou e ao atender Drake estava do outro lado da linha o mandando deixar o Homem de preto entrar. Sem poder fazer nada, ele mandou-o entrar pela porta lateral que dava acesso a sala da gerência.
            O Homem de preto passou pela porta e se viu dentro da cozinha do lugar, os cozinheiros eram três diabretes de pele vermelha que vestiam aventais e gorros de chefe. Eles o olharam e acenaram com a cabeça e indicaram a porta preta aos fundos, eram muito educados, diferente do restante da espécie.
            Ele abriu a porta e lá estava Drake esperando sentado em uma cadeira de escritório ergométrica atrás de uma mesa de carvalho, trajando o velho terno branco e com um sorriso nos lábios. O escritório dele era amplo com carpete vermelho, e vários quadros de épocas variadas nas paredes, um pequeno bar a direita da porta, um sofá grande e uma TV de LCD com homertheater.
- Pensei que tivesse mudado de idéia sobre o nosso acordo. – Drake se levantou e caminhou até o homem de preto para cumprimentá-lo.
            Os dois apertaram as mãos e se olharam nos olhos sem piscarem.
- Eu consegui o nome do demônio que você queria. – o Homem de preto sorriu. – O nome do lixo é Andralaxi, nunca ouvi falar dele, deve ser novo por aqui.
- É deve ser um novato. – Drake foi até o bar e colocou uma dose de uísque para si e outra para o convidado. – Pegue. Ser novo na cidade é a única explicação que encontro para ele ter tentado assaltar minha casa. – ele riu.
- Meu trabalho está feito, agora o resto é com você. – disse o Homem de preto tragando o uísque. – E o meu pagamento?
- Claro! – Drake colocou a mão por dentro do terno, tirando um pedaço de papel e o entregou ao Homem de preto. – Aqui está o endereço da bruxa, mas tenha cuidado ela tem guardiões e cobra um alto preço pelos seus serviços.
- Não tem problema. Se ela não quiser me ajudar eu a obrigo. – Ele riu cinicamente.
            O Homem de preto agradeceu a informação e disse para Drake ter cuidado com o novato. O Dragão riu, mas achou o conselho valido. Os dois se despediram e o visitante partiu.
            Quando saiu pela porta de acesso a cozinha alguns clientes olharam para o Homem de preto que encarou esses olhares, fazendo-os se desviarem. Ele parou no balcão e pediu um copo de vodca, bebeu de um só gole como de costume.
- Sorte sua Drake manter a lei de não violência aqui no bar. – Ele sorriu. – Caso contrario eu teria arrancando sua cabeça fora. – um sorriso cínico estava estampado em sua face enquanto ele se virava e ia embora.
            Ricardo o olhou com raiva, mas sabia que não tinha chance alguma contra ele e que não poderia fazer nada ali no bar, mas quem sabe outro dia fora daquele lugar pensou ele.
            O Homem de preto parou na porta, ouviu com atenção a banda tocando e gostou da musica, ela lhe lembrava velhos amigos. Girou a maçaneta e saiu do bar “O Covil”, chovia lá fora e ele gostava da chuva.