quinta-feira, 15 de março de 2012

O Homem de preto - Capítulo VIII


CAPITULO VIII – Filha


            De longe Tobias e o Homem de preto viam a casa de Cailena e a mesma os esperava na porta. Seu rosto era jovem e belo, porém estava abatido. Ela tinha visto todo o combate através do lago e se conformava com o que quer que viesse aseguir.
            Os dois homens pararam a alguns metros dela. Cruzaram olhares e por segundos ficaram ali, os três calados.
- E agora? – perguntou Cailena
- Por mim, você estaria morta agora. – disse o Homem de preto.
- Mas você precisa de mim, não é? – ela torceu para estar certa.
            O Homem de preto riu e percebeu como ela era atraente. Cailena percebeu o olhar dele e riu também.
- É, eu preciso de você.
            Tobias passou pelo os dois e foi entrando na casa sem falar nada, o outro homem olhou intrigado para o amigo.
- Ei! O que pensa que está fazendo? – gritou Cailena.
- Nada. Só quero me sentar um pouco.
            Ela respirou fundo e indicou a porta com a mão. Os três entraram e sentaram-se em volta de uma mesa simples de madeira rústica. O lugar era típico da idade média, ervas penduradas no teto, potes com coisas estranhas nas prateleiras antigas.
- Seria mais fácil vir aqui e pagar não acha? – Cailena riu.
- Você que começou! – se defendeu o Homem de preto – Mandando aquelas coisas estranhas atrás de mim.
- Só mandei minhas crias porque me disseram que você vinha aqui me matar.
            Os dois se olharam tensos. E Tobias riu alto e enquanto ria tossia.
- Alguém conseguiu enganar a bruxa e o matador. – lágrimas escorriam de pelo seu rosto. – Como vocês são idiotas! Se matando a toa!
            Cailena e o Homem de preto se entre olharam. Os olhos dela faiscaram de ódio, ela odiava ser trapaceada e fazia muito tempo que alguém coseguira fazer tal façanha. E quanto ao Homem de preto? Ele simplesmente riu alto.
- Mais um pra eu matar depois! – o seu sorriso era sádico.
- Me desculpe! – disse Caielena – Me deixei levar por sua fama de assassino e confiei cegamente na informação.
            O pedido de desculpas pegou os dois homens ali sentados de surpresa.
- Pensei que você fosse vil, cruel e insensível!
- Bondade e maldade são apenas pontos de vista. E além do mais, educação não mata ninguém.
- Fomos enganados por quem e por quê? – indagou o Homem de preto – Isso é que está me incomodando agora.
- Sim, é verdade. – Cailena pensou por alguns instantes – Vamos fazer um acordo. Você descobre quem nos enganou e eu te ajudo agora, o que me diz?
- Você ia me ajudar de qualquer jeito mesmo!
- Quem disse? Eu podia muito bem te mandar para uma armadilha e você nem saberia.
            Tobias olhou para amigo rindo.
- Ela te pegou hein?
            O Homem de preto pensou sobre a proposta e em como tinha ido despreparado. Respirou fundo, podia estourar os miolos dela ali mesmo. Mas, onde encontraria uma vidente tão boa quanto aquela, ela que tinha fama de poder ver mesmo através dos planos de existência.
- Tá certo, eu topo.
            Cailena se levantou, caminhou até uma estante próxima a uma lareira e pegou um punhal de lâmina reta e cabo preto.
- Venham! – ordenou ela.
- Me desculpem, mas vou ficar por aqui mesmo. Sabe como é né? Sangue faltando no corpo. – Disse Tobias rindo, enquanto esticava os pés sobre uma cadeira.
- Cuidado. – Disse o Homem de preto.
- Cuidado você! – apontou para a bruxa ao lado do amigo.
            Ele e Cailena saíram e caminharam até a cachoeira. Ela abaixou-se e tocou as águas do lago.
- O que estamos fazendo aqui fora?
- Por sua causa meu caldeirão explodiu. E ainda não tive tempo de mandar fazer outro.
- Compra outro em uma loja. Tão simples! – ele riu cinicamente.
            Ela o fulminou com o olhar.
- O que buscas? Preciso de algum pertence da pessoa ou um pedaço do objeto.
            O Homem de preto pegou o punhal das mãos de Cailena e cortou a palma da própria mão. O que a deixou sem entender nada.
            Ele pegou a mão dela e gotejou o sangue nela.
- Pronto!
- O que isso significa?
- Eu quero que você ache minha filha.