quarta-feira, 20 de julho de 2011

Visões

Os pássaros da morte
Pairam nos céus
Rasgando as negras nuvens
Tentando alcançar as rosas das trevas que cobrem meu caminho

Eles se lançam sobre mim
Como a foice do ceifador vai em direção ao milho
Corro como uma virgem corre do estuprador
Sentindo os espinhos
Rasgarem minha carne
E o sangue cair ao chão
Alimentando as rosas
Salientando rostos disformes em agonia

Os servos da morte
Levam-me ao chão com seus bicos e garras
Fazendo-me sentir
O aroma doce e maldito
Das rosas negras

Ergo a mão na esperança de salvar-me
E toco em tua face
Pálida e fria
Mas amiga
Quem sabe até amante
Os pássaros param sua refeição
E formam um corredor
Por onde vens até mim
Como um anjo caído
Sorries para mim

Tu me coloca em teus finos braços
E os pássaros cantam um canto
De dor e prazer
Amor e ódio
E dançam nos céus um balé macabro
Que faz o firmamento oscilar

Tu me abraça com força
De encontro ao teu seio pequeno
Me olhas nos olhos
Com teus negros olhos sem brilho
E me sorri com teus lábios vermelhos
Pois em teus olhos me vejo
Vejo também a ti
Dama de longos cabelos negros
Retribuo teu sorriso
E te abraço com o resto de vida que há em mim

Meu corpo não mais me obedece
Meus olhos não vêem
Meus ouvidos não ouvem
Não sinto mais dor

Descansarei feliz em teu colo
Enquanto as trevas me quiserem
E enquanto tu Dama de nome Morte
Quiseres que a moça de nome Vida
Não me toque

Em teu colo me senti mais vivo
Que no colo dela
E em teus braços mais seguro
Em tua presença
Encontrei paz sem fim
Nos teus olhos
Tive as mais belas visões que nunca tive com ela
A Dama de nome Vida
Que me deixou
Enamorar-me por ti
Minha Dama de nome Morte 

Um comentário:

  1. as visões tem muito de desejo!
    sua escrita é forte e bem feita.ela é sua sanidade.

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