terça-feira, 3 de abril de 2012

O Homem de preto - Capítulo IX


CAPÍTULO IX – Promessa, Medo, Localização.

- Filha? – Cailena estava surpresa.
- Sim! Qual o problema nisso? – O Homem de preto tentou rir sarcasticamente mas, não conseguiu.
            Os dois ficaram calados. O sangue dele gotejando na palma da mão dela. O vento assoviava por entre as árvores, folhas dançavam no ar, sendo carregadas pela brisa. O som da cachoeira preenchia o ambiente.
            Cailena o olhou nos olhos. O sangue ainda escorria do ferimento dele. Tocou o rosto dele com a mão limpa e distanciou-se, caminhando até o lago, agachou-se e mergulhou a mão coberta do sangue do Homem de preto nas águas claras do mesmo.
            Seus olhos reviraram, seu corpo convulsionou. As nuvens sobre a floresta escureceram, trovões ecoaram, aves voaram de seus ninhos, enquanto Cailena realizava seu feitiço.
O Homem de preto observava calado. Sua filha uma das únicas duas coisas que importavam para ele, tinha sido seqüestrada. Sua ex-namorada ligara duas semanas atrás chorando e desesperada dizendo o que tinha acontecido. E ele sabia que de uma forma ou de outra a culpa era sua. Não tinha sido um seqüestro normal, tinha sido gente da laia com quem trata normalmente, caso contrário já teria encontrado os infelizes. Sua esperança residia em Cailena.
Cailena parou respirou e fitou as águas do lago. Lá estava refletido nele a imagem de uma criança, de não mais que sete anos, cabelos cacheados e pretos. Ela estava sentada no chão de um quarto de paredes brancas brincando com bonecas.
Cailena mexeu as mãos e as águas do lago ondularam e quando se acalmaram mostravam o lugar onde estava o quarto, era uma mansão que ficava em cima de um penhasco com um mar revolto em baixo. Homens vestindo ternos brancos faziam a segurança do lugar. Ela mexeu as mãos e imagens de dentro da mansão foram surgindo na superfície.
A imagem de um homem alto de terno branco, cabelos loiros e cacheados que iam até o ombro, olhos verdes, apareceu diante dela. Ele sorriu e Cailena gritou de dor, contorcendo-se.
O Homem de preto a segurou nos braços e a deitou no chão. Ela estava ofegante, sangue escorria de seu nariz e estava muito pálida.
- Tobias! – Gritou o Homem de preto chamando o amigo – Tobias!
            Tobias se assustou com o grito do amigo e meio desajeitado correu para ver o acontecia fora da casa. Quando se aproximou dos dois ficou surpreso com a cena.
- O que foi você fez cacete?! – Perguntou o índio.
- Eu não fiz nada. Ela tava olhando o lago quando de repente gritou e desmaiou.
- Ela estava usando algum feitiço?
- Acho que sim.
            Tobias colocou a mão sobre a testa da mulher desacordada e recitou alguns feitiços. Logo a respiração dela foi se normalizando e a palidez sumindo.
- O que houve? – Perguntou o Homem de preto.
- Ela sofreu um ataque psíquico.
            O Homem de preto pegou Cailena nos braços e a levou para dentro da casa. Ele a colocou na cama com cuidado, e junto com Tobias ficou observando a bruxa.
            Aos poucos Cailena foi recobrando a consciência. Sua cabeça doía, seu corpo estava fraco e a garganta seca.
- Água...
            Tobias pegou um copo em cima da mesa e encheu com água de uma jarra, e deu a ela. A bruxa bebeu tudo de um só gole.
            Os dois homens olhavam para ela como se esperassem alguma explicação. Ela os olhou e riu alto, deixando os dois sem entenderem nada.
- Que porra é essa?! – Gritou o Homem de preto segurando a bruxa pelo braço.
- Sua filha foi sequestrada por um anjo.

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